sexta-feira, 15 de julho de 2011

Na Constelação Familiar Sistêmica, o representante é espontâneo?

Ainda falando sobre a espontaneidade do ator, depois do último post, fui inquirido sobre a espontaneidade no trabalho dos “representantes” dentro de uma Constelação Familiar Sistêmica.
Embora ainda esteja nos primeiros passos do caminho para vir a ser um constelador, pensei um pouco sobre o assunto.
Inicialmente cabe explicar que representante é uma pessoa presente no trabalho de constelação, que é grupal, e que fica disponível para entrar numa constelação, representando algum ente da família, do grupo ou da situação que está sendo constelada. Se pensarmos no Psicodrama, ele seria comparável ao ator auxiliar (antigamente chamado de ego-auxiliar)  escolhido na platéia para desempenhar um papel na dramatização.
De fato, leitor, algumas pessoas até acham o trabalho de Constelação Familiar algo parecido com o Psicodrama. Eu próprio, em meu primeiro contato pensei isso. Mas não é.
Atendo-me à pergunta que me foi feita, no caso do representante em uma Constelação, não há como se falar em espontaneidade segundo os padrões de análise que utilizei no texto, a saber: co-criação do texto e da cena. 
Aliás, se pensarmos profundamente nessa questão, a história de uma família, até o momento do trabalho de constelação, já foi "escrita" (vivida). Portanto, o “texto” e as “cenas”, se existissem nessa forma de trabalho, seriam pré-existentes em cada constelação e então, não poderíamos falar de espontaneidade.  Quando o representante é colocado em seu lugar no início do trabalho de constelação, à energia que o movimenta (corporalmente), Bert Hellinger chamou de Campo. O Campo de uma Constelação, de uma família, respeita aos sentimentos e histórias a ela referentes, que, diga-se de passagem, raramente são contadas ao “público” de onde saem os representantes.  O movimento é energético e sensorial! Não é mágico e nem mesmo espontâneo, uma vez que não há vontade expressa do representante, nem do constelador e nem do constelado!  Daí o nome constelação: pense, leitor, nos planetas que se equilibram mutuamente através de suas forças gravitacionais (energia), de atração e repulsão, circunscrevendo suas órbitas e formando o desenho característico que cada grupamento de corpos celestes tem. E é isso o que se configura no início do trabalho de constelação, sem texto, sem cena, sem cenário.
A reconfiguração da constelação também não depende da espontaneidade ou daquilo que poderíamos chamar de “criatividade” do representante ou do constelador.  Do que tive a oportunidade de apreender até esta fase de minha formação, o aspecto sensorial é fundamental nesse processo. Mas sobre isso, escreverei quando estiver mais aprofundado no conhecimento do trabalho.  Aguardem!!!

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