sexta-feira, 1 de março de 2013

Coração Caipira

Olá leitor!

Ja faz um tempo que não me comunico, não é?
Muitos afazeres!  Alguns serão trazidos aqui, em breve.

Hoje, diferente dos posts costumeiros, vou mostrar um lado pouco manifesto e pouco explorado, que espero que você goste.

Uma pessoa muito querida sempre me chama, carinhosamente, de caipira.  É verdade, sou do interior!
Há algum tempo tive a inspiração para escrever este poema, que, embora minha cidade natal não seja exatamente o vilarejo que se vislumbra no poema, ainda assim carrega um "não sei que" de interior na atitude das pessoas, muito diferente da capital.

Vinicius de Moraes e Tom Jobim, na música Carta ao Tom 74, falam do "cimento armado" que rouba a visão do Redentor.

Acredito que o sentimento seja parecido, porém mais focalizado na atitude do respeito / desrespeito ao próximo.

Deixo então com você, leitor amigo, meu CORAÇÃO CAIPIRA:

Sou caipira, lá do interior.

Vim da terra, vim do mato, vim das bandas de lá

E de lá de onde eu vim, os verdadeiros valores

A vida é que tem o poder de ensinar

 

No interior,  onde eu cresci

A gente aprende a escutar

A modinha da mata, o lamento do riacho

E a sinfonia do luar

 

Vim do mato onde há beleza

Que é inspiradora por todo lugar

Onde ouvindo a natureza

Eu aprendi a cantar

 

Pelas estradas da minha terra

Passa todo tipo de gente

Que apesar de diferente

Desde pequeno aprendi a respeitar

 

Moça pura, mendigo sujo, roceiro,

Padre santo, mulher da vida, doutor da cidade,

Pai de família, viado ou putanheiro

Todos iguais, filhos do mesmo Pai: Isso é diversidade

 

Então, mudei pra capital

Porque quis estudar

Vi prédio alto e coisa e tal

Cimento e concreto a se perder no olhar

 

Não tem mato, não tem terra

Tudo é cinza e sem cor.

O som que a cidade ensina

É um triste gemido de dor.

 

Respeito e solidariedade

No asfalto, nas calçadas, à luz da lua

São valores esquecidos.

Pois a agressão impera pelas avenidas e ruas.

 

Para o homem da cidade

Diversidade é algo a exterminar

Ninguém pode ser diferente

Todos tem que se enquadrar

 

Assim o homem “civilizado”

Vive dor, desespero e agressão.

Isso, no lugar da fraternidade

É o que brota na multidão.

 

Não ouço mais os pássaros

Nem os rios, não há noites de luar

Nem mais a mata com a brisa a farfalhar

Há um silêncio mórbido e sorrateiro no meio das sirenes a ecoar

 

Foi assim que o coração deste caipira

Encolhido e entristecido

Com a dureza dessa gente da cidade

Que não respeita a natureza e nem a diversidade

terminou o seu cantar.

Ralmer Nochimówski Rigoletto
2012.